quinta-feira, 2 de junho de 2011

VAMOS DE...entrevista com Mario Fischetti

Esse post é dedicado aos apaixonados por house music!  É que na entrevista de hoje, conversamos com o DJ Mario Fischetti, que lançou seu segundo cd, o "Fire", aqui em Brasília. Nosso papo com ele só comprovou que além de ser o melhor DJ é muuuito simpático, educado e inteligente! Se já era ídolo, agora então!! Leiam essa entrevista super bacana!

VAMOS DE...entrevista

Por meio do som, ele toca o sentimento dos apaixonados pela house music. Comanda qualquer club por mais de 6 horas  e consegue deixar a pista animada e com muita energia.  Ele lançou seu novo cd "Fire", aqui em Brasília, na Moena. Estamos falando, claro, do DJ Mario Fischetti. Amante da música eletrônica, o dj e produtor se dedica a profissão há 15 anos.

Em entrevista exclusiva para o blog, ele conta que tudo começou aos 13 anos de idade, ouvindo músicas dançantes como Gilberto Gil e Mickael Jackson. Hoje, Fischetti é reconhecido como um dos melhores "Big Room Djs" do Brasil e tem seus sets aclamados em clubs como Green Valley e Pacha. Com agenda lotada para o ano de 2011, ele também nos conta o que gosta de fazer nas horas vagas. 


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Como e porque você se tornou DJ?
Comecei em 1989, com 13 anos, porque eu gostava muito de música. Era uma coisa que eu vivia, que eu já tinha vontade de fazer e em época que não tinha o glamour que tem atualmente. Hoje o cara seja ator de tv, jornalista, fahsionista, ex-bbb, quer ser DJ. Acho que hoje virou uma forma de "exposição" e ao mesmo tempo uma forma de atingir um público. As personalidades usam isso para interagir. Quando comecei a ser DJ, quem fazia, fazia porque gostava, não tinha expectativa da fama, de ganho financeiro que tem hoje.  Acho que 18 anos depois não me vejo fazendo outra coisa que não seja tocando ou produzindo música. Claro que tenho outras coisas que poderia me envolver, mas eu tento me envolver indiretamente para poder viver mesmo o que acontece no dia a dia do meu mercado, que é a musica eletrônica.

  Qual foi seu primeiro contato com a música?
Aos 6 anos, ouvindo música do Gilberto Gil. É engraçado porque todas as coisas que ouvi e que me prenderam atenção sempre tinham essa coisa de serem coisas dançantes, ou seja, eu nunca fui um fã de U2, IROMADEN, aliás se for falar de rock tenho uma ligação muito maior com rock dos anos 80 (Legião Urbana, Barão Vermelho, RPM) do que com as bandas que seriam o "senso-comum" dos adolescentes da minha época. Do Gilberto Gil eu pulei para o Michael Jackson, pois também sempre tive a ligação com a música negra. E com 15 anos fui perceber que tudo isso era house. House na verdade não é uma coisa estereotipada e sim uma coisa que está ligada a atitude. Nos EUA dos anos 80, você chama de House tudo que era ligado a tendência, tipo uma calça bacana, uma camisa, um cabelo. Daí surgiu o termo house music, coisas que tinham atitude, que não eram comuns aos padrões estéticos da época.

Hoje olhando para traz valeu a pena por tudo que aprendi e por toda influência. O grande pulo do gato foi eu saber separar as coisas. Isso funcionou até agora porque o mercado era assim, mas mudou, então também vamos transformar. Acho que o Brasil chegou depois na cena eletrônica, mas hoje é o mercado com maior perspectiva de crescimento no mundo.

Como foi a primeira vez que tocou?
Me lembro bem, não lembro do nome do lugar. Eu tinha 14 anos, foi em São Paulo, na rua Amaury e o cara chamou o residente e disse assim "tira esse cara da cabine que ele nunca vai ser dj". Hoje acho que ele que não tem mais o club. (risos). Mas foi a primeira vez que eu tive contato com pista de dança. O DJ ficava escondido, e eu ganhei uma merreca, convertendo em valores de mercado seria uma coca e um cachorro-quente, mas acho que tudo vale.

Bem ou mal as pessoas não entendem o que é ser DJ. Ser DJ é controlar o psicológico das pessoas, é uma coisa muito interessante.  É a gente entender o que o cara está querendo transmitir e o que a pista quer ouvir. É uma relação dupla, mas o controle está na nossa mão.
Eu tenho um amigo, desses caras que gastam horrores na noite e ele chega na cabine e fala "que poder você tem na sua mão". O trabalho do residente é manter a pista cheia. 

O meu primeiro contato com a música para hoje, não muda muito, o teu referencial de música, o teu gosto musical é uma coisa que está ali. Hoje escuto coisas que talvez eu não me permitisse escutar há 10 anos atrás.

 Quando você é um dj você é um "midia", você tem que entender sobre o comportamento do mercado, acho que se você está na moda, no design, na culinária é preciso acompanhar as tendências do mercado. Música também é tendência.

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O que você acha que aconteceu na sua carreira desde aquele dia na boate quando o dono disse que você não seria DJ e hoje é considerado o melhor DJ do Brasil?
Eu enganei bem todo mundo, RS... Ah eu não sei, para mim se você me perguntar se essa ficha caiu, eu vou responder que não, acho que essa ficha nunca vai cair. O que eu faço eu faço porque amo e se nunca tivesse tido esse boom do mercado, caches, djs, vou ser bem sincero, eu estaria fazendo as mesmas coisas. Fazendo outra coisa paralelamente, claro, já que sou formado em marketing, mas nunca teria deixado de tocar.

Você projetaria esse crescimento do mercado?
Não,  nem as minhas referências, nem os caras que já tocavam em clubs legais. Acho que ninguém imaginava, acho que é uma coisa mais comportamental porque o mundo evolui, as tecnologias evoluem. 

Quais foram as influências e inspiração para o segundo CD, o Fire?
Essa é uma boa pergunta por que no meu primeiro CD eu tinha uma preocupação de mostrar um pouquinho do que eu estava fazendo no estúdio, o que eu tinha como referencia eletrônica naquele momento. Já no segundo, "Fire", o nome já diz tudo. Quero entrar num club e fazer ele  explodir, porque é isso que as pessoas querem. Hoje eu falo que ao mesmo tempo que existem djs que querem mostrar tendências como eu fiz no primeiro, hoje a minha preocupação é mostrar o que acontece nas pistas, hoje quero que a pista exploda.

Desde que eu comecei a ir pra fora regularmente acompanhar mercado, em Ibiza e olhei vários caras tocando, olhei pela primeira vez o Erick Murilo fazendo uma serie de "loops" e falei: isso que quero fazer, fazer isso tudo ao vivo, acho que é isso que a pista quer, ser surpreendida.

 Então, ao mesmo tempo que existem conceitos diferentes, que querem mostrar uma estrutura mais retinha, acho que você pode fazer algo completamente diferente disso, que é a surpresa. É você travar a música em um determinado ponto e colocar um vocal de uma música clássica ou um "basslaine' de uma guitarra que todo mundo conhece, que vai criar uma explosão e vai ser uma surpresa. 

Quando eu comecei a criar esse jogo de surpreender positivamente é que a brincadeira ficou interessante, e foi isso que tentei nesse CD. No primeiro eu já mostrei as teorias do que eu gosto, referência e no segundo eu quero entregar para o meu público o que eu faço no club. Quero que ele tenha um registro do que eu faço na noite, que ele consiga refletir o que eu quero expressar na pista de dança. A minha preocupação é com meu público.

Como foi a produção desse cd?
Existe uma elaboração, a parte discográfica. A agência me passa um cronograma que eu tenho tantos meses pra conseguir compilar as músicas. Eentão eu vou ligar para o Cris Montana, Erick Murilo e etc e pedir algumas músicas depois que eu receber uma media de 10 a 15 por semana que estejam no perfil do que eu toco, eu demoro  uns 3 a 4 meses para separar o que eu queria compilar no cd e então vou pedir autorização para os djs. Uma vez que foi dada, passo para agência que prepara a documentação. Isso volta para os artistas, que assinam e aí eu vou para o estúdio e fico por volta de 2 semanas para ver como funciona as opões de seqüência. O que eu tentei foi colocar exatamente o que coloco na pista, momentos de pico, de relaxamento. Depois dessas 2 semanas, temos um esboço do que realmente funciona.

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Como é o preparo para cada show?
 Essa semana recebi umas 6 musicas que eu quero muito tocar hoje (dia do lançamento do CD), eu já tenho na minha cabeça como vou abrir, mas eu tento ter sempre uma estrutura musical que não funcione só nos 15 primeiros minutos do club e sim 4 horas ou mais. Você chegar lá e baixar um playlist vencedor é super fácil. Se eu quiser baixar um set do Steve Angelo, David Guetta em Miami e fazer igual e fácil também, mas não é isso que eu quero. Eu quero ir além, se eu não tiver fazendo mais que esses caras que estão em cima vou me acomodar. Então quero mostrar algo a mais, eu gosto muito de inovar, e isso e um quebra-cabeça, as peças estão aí, como você vai dispor e experimentar que é o grande desafio e esse desafio que eu tento sempre estar passando.

Rola improviso na pista?
Rola muito, porque você está lidando com sentimentos e não com robôs. As pessoas tem sentimentos, então nem tudo dá certo, então você tem que chegar naquele ponto e consertar, não é uma coisa que você levanta o tapete e põe a sujeira em casa. As vezes uma sucessão de pequenos erros compromete o faturamento do club e  o grande desafio é montar esse quebra-cabeça. 



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De que forma você consegue captar o clima na pista?
Pelo gestual, você vê na cara das pessoas. Tem gente que não gosta de falar isso, mas quanto mais "champagne com fogos de artíficio" tiver vindo mais as pessoas estão gostando. O teu termômetro são as expressões, o camarote,  o movimento do bar. E desculpa, mas o dj que n está preocupado com isso ele não está sabendo lidar com o que ele está vendendo, não podemos ser hipócritas.  Já aconteceu, quando eu fui tocar em um local que choveu muito e deu 50 pessoas no lugar e me falaram que se eu não quisesse não precisava tocar. Mas eu quis, entrei às 2h da manha e fui sair às 6h, eu não estava acreditando, mas não parei enquanto a pista fervia.

Porque lançar seu CD em Brasília?
Porque eu tenho uma ligação com Brasília meio louca. Dizem que tudo que funciona aqui no Centro-Oeste funciona no resto do mundo e isso é sério, é do mercado publicitário mesmo. Todos os testes são feitos em Brasília, não sei se é porque o público é exigente ou porque tem muita gente do Brasil inteiro, só sei que Brasília comigo sempre foi especial.
Quando você tocou aqui pela primeira vez?
A primeira vez que toquei em Brasília foi no dia que começou a Guerra do Golfo, no lançamento da cerveja Skol Beats, no Pier 21. Eu lembro que Brasília era o berço do trance psicodélico e de lá me colocaram para tocar na Trend. A primeira festa na Trend deu 100 pessoas, depois 300, e na quarta já tinham 1000 pessoas, sendo 800 dentro e 200 na fila. No Brasil o mercado era muito especifico quando se falava de musica eletrônica, eu acho que nisso eu trouxe o perfil da House Music da Pacha, da Space, que as pessoas ouviam lá e não tinha aqui.
Hoje o cara do sertanejo faz remix inspirado na nossa referência. Os caras do hip-hop aceleram a batida e deram essa transformada no mercado. É uma musica "tão obvia" mas que movimenta o mundo inteiro.
 Por isso que eu sempre falo "menos é mais". talvez a inteligência da House Music é ser "simples e objetiva". Você está entregando para audiência uma satisfação que muita gente chama de descartável mas na pista de dança ninguém quer ficar confabulando o quãão inteligente é essa musica. A galera que começou essa história toda, é muito boa, a coisa extrapolou um limite que era inimaginável.

Qual a média de apresentações por mês? Como fica sua vida pessoal?
14, 15, praticamente dia sim dia não. Eu acho que quando você se propõe a ser dj, a sua vida não é mais sua. Os casamentos dos seus amigos você não vai ver casando, final de semana não  vai ser mais seu. Óbvio que tem algumas privações mas você arruma tempo. É um ritmo na qual estou acostumado mas que não permite fazer coisas comuns a todas as pessoas, mas eu escolhi isso.

Qual melhor DJ internacional para você?
Para mim o cara mais técnico, mais inteligente, parece que a musica entra dentro dele e vira uma maquina é o Erick Murilo.  Agora os mais humildes que eu conheço no mercado são o Armim e o Guetta, em termos de simplicidade.

Qual foi o momento mais emocionante na sua carreira?
Não sei, ultimamente o Green Valey, no carnaval depois do Armim com toda parte do Club administrativa pedindo pra parar depois que ele parou de tocar, 5 horas depois dele, ainda tinham 10 mil pessoas foi muitoo especial. Mas de emoção assim, não sei, acho que toda noite. Em Miami, em uma festa da DJ Mag no Hotel Shelbourne ou no Café Mambo a primeira vez que toquei em Ibiza, na praia, com um monte de gente dançando. 

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Qual foi a primeira vez que tocou fora do Brasil ?
Foi em Punta Del Este, no Reveillon e foi espetacular. A festa estava lotava e eu toquei até 7h30 da manha, sendo q era pra tocar até 2h, toquei com a galera mais legal do Brasil.  Na época, Punta estava muito em alta, eu era moleque e tocando para boa parte do Jet Set internacional e algumas figuras famosas de Holywood. 

E depois disso aonde mais tocou?
No Winter Music Conference há 2 anos, foi a primeira vez que eu senti o público internacional dando um reconhecimento, querendo saber mais de mim e na Argentina também, ha 4 anos quando eu toquei na Mynth. Tinham umas 5 mil pessoas, os argentinos não deixavam eu parar de tocar eu toquei de 2 até 9 da manhã.  Argentino adora que autografe camiseta e foi muito legal porque nesse dia o Erick Murillo tocou, então pra mim era uma coisa muito forte, toda imagem que eu tinha agora eu estava vivendo.

A que voce atribui o segredo do seu sucesso hoje?
As minhas referencias, tudo que eu vi, toda experiência que eu acumulei. Talvez eu não enxergue o que eu faço da forma que eu enxergo quando eu estou do lado da audiência. Essa ficha pra mim não caiu. Meu empresário me cobra muito isso. Ele me alerta que preciso melhorar como um artista agora. Hoje é a forma como eu vejo essa coisa da carreira, do comportamento, existem certas regras que você tem que obedecer. Hoje quando eu vejo Guetta, Armim, Erick, Fatboy, tudo isso é uma escola. Você vai tirar disso aí e também não é uma coisa que eu vou entrar no teatro e interpretar. É uma coisa que vem de mim, tem que ser autêntico. Da mesma forma que a musica eletrônica tem que ser efêmera, eu tenho que ser espontâneo. Vou te dar um exemplo, Vanessa da Mata, ela pode interpretar. O dJ não, é aquele momento, é espontâneo. O Único DJ que aceita coreografias é o Zé Pedro, mas porque ele criou esse estilo, é o personagem Zé Pedro. Ta aí, hoje, um monte de djs aparecem e tem por trás um cara falando desse comportamento. Mas o quanto esse cara vai ser autêntico? Prefiro ser natural.

E o apoio da família?
 Minha mãe é acadêmica, eu fui meio que obrigado a ter uma formação acadêmica. As coisas eram bem claras, “pode tocar mas tem que estudar”. Depois de estudar pode tocar sua vida como quiser. A ideia de que a missão deles foi cumprida. E ai são as escolhas da vida, a gente tem o direito de saber o que vai nos fazer pessoas felizes ou infelizes. Desde que eu me entendo o que iria me fazer feliz era tocar.

Te agride como profissional ver BBs que viram DJS do dia para noite?
Eu costumo dizer que se você me perguntar se eu jogo tênis eu digo que não, que eu brinco. O Nadal ele joga, eu brinco. O fulano de tal é dj? Não! Óbvio que se ele entrar DJ e sair de lá famoso porque ganhou uma posição de  mídia tudo bem. Agora sair de lá sem saber nada e aceitar ser vendido é um pouco perigoso. É a mesma coisa que se me vendessem para fazer desfile, eu não faria. Porque isso eu não estou apto a fazer. Isso agride porque as pessoas estão usando uma exposição de mídia. Pode até ser bacana mas  os donos de club tem que entender que isso não pode se sobrepor aos que tem a técnica, que sabem fazer isso de forma profissional.

O que você gosta de fazer além de tocar?
Limpar piscina, cozinhar, jogar tênis. rsrs

Marcela Sá, Mario Fischetti e Wanessa Ferraz

E ai, amaram a entrevista assim como nós?

Obrigada a nossa amiga e leitora, Mari Wasem, por ter contribuído com esse momento tão legal para o blog!!

8 comentários:

Tayane Padilha disse...

Show de bola!!!! ADOREI!

Silvana disse...

Isso aí, Ne! Parabéns pelo site!!

João Victor S. de Lima disse...

Muito boa a entrevista. Parabéns!!!!

Carol disse...

Toda vez que Fischetti vem aqui em Brasília eu vou! AMO, amo amo amo!!!! Parabéns pela entrevista.

Daniel Rito disse...

Excelente!!

Mari Wasem disse...

Parabéns meninas! Fico um arraso!! Vamos divulgar! Bjs

Anônimo disse...

Muito boa a entrevistaaaaaa!!! Amo!!!! Andressa Rodrigues

Anônimo disse...

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